terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Reflexões sobre o Estágio

O período de Estágio Supervisionado demonstrou que o ensino é uma busca constante de conhecimentos. Esse período é marcante na vida de todo profissional em educação, pois é a mola mestra que dirá se estaremos preparados ou não para enfrentar a realidade da sala de aula. Nesse momento pudemos refletir sobre nossa ação-reflexão-ação, compreendendo que o ato de educar vai muito mais do que simplesmente transmitir conteúdo, precisa-se que o processo de educação seja pensado, refletido. Brilhantemente Freire (2002, p. 18) nos diz que “é pensando criticamente a prática de ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.
O estágio em forma de projeto acaba dando oportunidade ao aluno-mestre de intercalar suas idéias com a realidade da escola. Essa realidade é que dá vida ao estágio, pois diante das carências percebidas durante o período de observação, e mais especificamente no momento da prática, deram norte para as intervenções aplicadas.

Não há dúvida que a experiência do estágio dimensiona de forma significativa o profissional, pois o habilita no confronto do seu fazer diário. No entanto essa aproximação entre aluno e professor poderia ser realizada de forma processual, ou seja, o aluno deveria ir a campo desde os primeiros semestres do curso de pedagogia, para começar obter experiências, proporcionando novos saberes relacionados à prática docente, ampliando assim o seu fazer pedagógico.

Mesmo com essa defasagem acredito que não deixamos a desejar. As disciplinas estudadas ao longo desses semestres contribuíram para oferecer um clima de bem-estar físico, afetivo, social e intelectual para o período do estágio.

Foram vários momentos de aprendizagem até o período da regência, as discussões em sala de aula sobre a práxis docente, o porquê do estágio para quem exerce e não exerce o magistério, planejamos atividades, fizemos planos de aula, projetos etc. Todos com o intuito de levar a criança a agir com espontaneidade, estimulando novas descobertas e o estabelecimento de novas relações, a partir do que elas já conheciam.

Nesse sentido a escola deve ser espaço dessas relações, descobertas, crescimento e construções. Um lugar onde o educador assuma o papel de mediador do conhecimento, instrumentalizando e aprendendo ao mesmo tempo, misturando realidade e fantasia, beneficiando a criança no seu desenvolvimento e aprendizado.

Desenvolvemos o projeto Ler e escrever também quero aprender, pois notamos através da atividade diagnóstica a necessidade de trabalharmos no estágio com crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente, pensamos em um projeto de leitura e escrita, que pudesse nos proporcionar a realização de um trabalho em que ocorresse uma aprendizagem significativa tanto dos alunos, quanto da nossa, como futuras profissionais de educação. E foi justamente isso que fizemos. Como nossas intervenções foram divididas em quatro tipologias de textos: poesia, música, brincadeiras e brinquedos. Trabalhamos uma a cada semana e fomos vendo a evolução das crianças na leitura e na escrita durante o percurso.

Procuramos ao máximo estimular as crianças na leitura e escrita, através de cartazes, músicas, poesias, atividades coloridas, sapateira do alfabeto, combinados, calendários. Enfim tudo intuito de desenvolver nelas a autonomia da escrita, fato esse outrora não percebido.

Em muitos momentos nos embasamos nas várias teorias estudadas ao longo do curso para nos auxiliar em situações difíceis. Como exemplo, quando recorremos a Zabala, para nos ajudar nos dilemas encontrados em sala de aula. Ele brilhantemente nos diz que "da mesma maneira que os dilemas fazem parte dos nossos problemas como professores, podem constituir espaços de aprendizagem profissional. Assim eles passam a se transformar em elementos importantes para a solução de dificuldades e para a melhoria profissional.”

Os dilemas como a indisciplina, dificuldade de aprendizagem, relação professor-aluno se fizeram presente, como em qualquer outra situação de nossas vidas. Mas soubemos contorná-los. Com os dilemas aprendemos a refletir mais a nossa ação, procurando melhorarar o que estava errado e refazendo o que precisava. As experiências vividas durante o período de estágio me proporcionaram novos saberes relacionados à prática docente, e para o desenvolvimento de novas posturas enquanto educadora.